domingo, 20 de junho de 2010

Aqueles que se vão da lei da morte... Saramago!


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu ser exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.”Ricardo Reis


F.Pessoa definiu como ninguém este conceito de "ser grande". Também Saramago foi grande. Até conseguiu um feito que Camões e Pessoa não conseguiram em vida: foi reconhecido. Apesar das polémicas em que se envolveu, nos últimos anos, Saramago conseguiu ser coerente, abalou algumas convenções, talvez da forma menos simpática, mas quem tem uma lua tão alta como ele, uma força que lhe permitiu chegar onde chegou, pode, às vezes, dar-se a esses privilégios... Quando morreu em Lanzarote, parece que uma parte de nós e deste país apático, como ele dizia, sentiu que é preciso ter outra atitude na vida! Não devemos desistir de sonhar, de lutar, quando temos este exemplo, por isso quem nunca leu as suas obras, está sempre a tempo de começar. Mesmo que depois não goste.

Apesar do seu medo da morte, que define numa entrevista como uma coisa feia que ninguém quer, mas que é inevitável, Saramago conseguiu libertar-se da lei da morte (lembram-se de Os Lusíadas?).

E agora José? (aproveitem para recordar este belo poema de Carlos Drummond d'Andrade que dedicamos ao nosso prémio Nobel da Literatura: http://www.tanto.com.br/drummond-jose.htm)